A primeira vez que ouvi falar sobre este assunto, foi em 1973, decolamos de Santa Isabel do Morro (Ilha do Bananal) e pousamos em Altamira. Trabalhava na VASP e fazia parte do projeto “Integração Nacional” e por estourar as horas de vôo permitidas tive que tirar a minha folga por lá mesmo.
Os estudos extra-oficiais já estavam em andamento, mas somente em 1975 o então Presidente Ernesto Geisel anunciou oficialmente a construção da Usina hidroelétrica Kararaô, hoje rebatizada de Belo Monte, as margens do Rio Xingu.
Já naquela época a população era totalmente contra o desmatamento de aproximadamente 238 hectares, sendo 64 hectares localizados em Área de Preservação Permanente (APP), é lógico que em 1975 não existia APP.
Em 26 de janeiro de 2011 o IBAMA, deu “autorização de supressão de vegetação” ao Consorcio Norte Energia, as escavações que ocorrerão no local são equivalentes ao Canal do Panamá. A paisagem no local será transformada definitivamente, a obra levará 10 anos para ser concluída e seu custo esta estimado em R$16 bilhões, especialistas afirmam que este valor será triplicado.
Dois dos principais responsáveis pelo licenciamento ambiental pediram demissão do IBAMA alegando que sofriam pressões para liberarem as licenças, lembrando ainda que o processo provocou embate entre a ex-ministra do Meio Ambiente, com a então Ministra da Casa civil , Dilma Rousseff.
O relatório de impacto ambiental encomendado pela Eletrobrás listou em 32 itens os impactos da Hidroelétrica, entre eles: desmatamento, inundação, pesca ribeirinha, alteração da qualidade da água, micro sistemas, perda de recursos extrativistas, danos ao patrimônio ecológico, perda de imóveis, aumento da população, ocupação desordenada, perda do sustento da população indígena, etc.
Eu particularmente sou a favor da sustentabilidade e do progresso sustentável, neste caso acho que existem outras formas de captação de energia menos impactantes, e também mais baratas. O custo- beneficio desta usina é questionável. Se um dia voltar a sobrevoar a região, com certeza não verei mais os índios Karajas caçando e pescando e muito menos a população ribeirinha nadando nas prainhas as margens do Rio Xingu.
Enquanto isso, por aqui no Litoral Norte, os Municípios não conseguem licenciamento ambiental para sequer implantar um aterro sanitário, onde o impacto ambiental e infinitamente menor e o custo-benefício e inquestionável.
s.bonfiglioli@hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário