sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

NOITE FELIZ


Entre as brumas da memória, lembro vagamente do meu primeiro natal. Talvez fosse o ano de 1951 ou 52, eu com 3 ou 4 anos, brincava com algumas bolinhas de gude e um carrinho e observava a minha mãe que andava pela cozinha ocupada com os seus afazeres.Ela vestia uma sai comprida rodada quadriculada em vários tons, blusa branca, e um sapatinho tipo rasteirinha. Meu pai de short, sem camisa, sentado em um degrau do quintal, com uma garrafa de pinga na mão, forçando um peru (ainda vivo) a beber. Soube mais tarde que a pinga era para deixar a carne da ave mole e facilitar o abate. Mas os dois ficaram bêbados e aquele ano o peru não morreu na véspera. Eles sempre se desdobravam para me proporcionar um Natal repleto de alegrias e felicidades, embora a nossa situação financeira sempre tenha sido muito difícil, mas eu era filho único, o que facilitava um pouco. A minha mãe me ajudava a escrever a cartinha para o Papai Noel, e também sabiamente, influenciava na escolha dos presentes que deveriam caber no pequeno bolso do meu pai. A arvore de Natal era sempre feita de um galho de cipreste que eu achava que ajudava a cortar de uma arvore do jardim, que era enfeitada com muito algodão e algumas bolinhas, e no topo brilhava uma estrela. O Presépio, Jesus, José, Maria, a manjedoura, o burrinho, a vaca, o anjo suspenso por uma linha, e até os três reis magos, Melchior, Baltasar e Gaspar, ela mesmo moldava de barro argiloso, recolhido das escavações da construção da marginal Tiete. O alpiste semeado sobre pedaços de algodão molhado, que brotava e crescia na medida em que o Natal se aproximava e forrava de verde os morrinhos que circulavam o estábulo, onde o menino Jesus seria colocado na noite de Natal. Acordava no dia 25 e corria para abrir os presentes que Papai Noel havia deixado em baixo da arvore. O almoço de Natal era na casa da vovó Magdalena, todos os primos e primas se encontravam para mostrar o que ganharam, e brincar, brincar muito. A minha esposa Marli ao contrario de mim que sou filho único, teve 9 (nove) irmãos e irmãs, a ceia e o almoço natalino não era tão farto, o Papai Noel passava timidamente por lá. Mas o espírito natalino sempre esteve presente. Nós sabemos que seus pais, assim como os meus, também sempre fizeram tudo que podiam e dedicaram suas vidas para os filhos. Hoje eu e a Marli somos os avôs, espero as filhas, filho, genros, nora, netas e neto na ceia e no almoço, a alegria também é grande, graças a Deus nada nós falta. A não ser é claro, os nossos pais, tios e avôs, que já se foram, que devem estar comemorando o Natal ao lado do aniversariante e pedindo para que ele continue iluminando e protegendo a nossa família. Obrigado papai Mario e mamãe Thereza, obrigado papai Severino e mamãe Maria José. Feliz Natal a todos e também para os papais e mamães que permanecem vivos dentro dos nossos corações. São pelas lagrimas que derramamos de alegria, saudades e tristeza, que a alma se comunica melhor com Deus. Noite Feliz

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