No inicio da década de 80, eu fui convidado por um ex chefe para trabalhar na Itautec, uma empresa do Grupo Itaú. Já estava na área de informática há alguns anos, oriundo da Olivetti do Brasil. Vivíamos o regime militar e com ele a Lei de informática, (reserva de mercado), onde o Brasil sequer engatinhava. Todos os produtos deveriam ser produzidos no Brasil, as empresas tradicionais do mercado estavam definhando enquanto algumas nacionais nasciam e cresciam. Entre elas a COBRA (Computadores Brasileiros), Dismac, Polimax, Prologica, Brascom, Itautec, entre tantas outras. O maior desafio era produzir equipamentos minimamente capacitados para atender o vasto mercado que se formava, sem importar o equipamento. A capacidade de produzir algum tipo de equipamento era mínima, o que se fazia na verdade era importar os componentes e montar aqui no Brasil, cada marca com suas próprias características de Lay Out, cor, processadores, capacidade de memória, conexões de rede, etc. A Itautec tentava desenvolver alguns softwares, o de texto recebeu o nome de Redator, e outro para cálculos o nome de Calctec. Participava de uma feira de informática chamada SUCESO, realizada no pavilhão do Ibirapuera, a procura era enorme, empresário do Brasil inteiro se moviam para São Paulo, no intuito de conhecerem os novos lançamentos, que invariavelmente eram cópias de alguns modelos produzidos no exterior. No ano de 1984, ficamos sabendo que seria realizada uma feira internacional em Las Vegas, Nevada, a NCC-National Computer Conference, e lá seriam lançados novos modelos e novas tecnologias de equipamentos. E lá fomos nós para esta missão fatigante, passar alguns dias no Hotel Flamingo, com tudo pago, para visitar a feira e é claro fazer uma fezinha nos Cassinos, que ninguém é de ferro. Em uma das visitas a feira, fomos convidados para assistir uma pequena palestra sobre um novo equipamento que o seu inventor, se assim podemos chamar, ia realizar. A apresentação foi fantástica, o equipamento prometia revolucionar o mundo da informática, o nome era meio esquisito para os nossos ouvidos tupiniquins, “Macintosh”, ou simplesmente, “Mac”. Este equipamento já estava sendo comercializada pela empresa Apple inc. e seu proprietário e palestrante da noite estava ali conversando com aquele grupo de brasileiros, explicando que aquele equipamento era o primeiro com interface gráfica e que trabalhava com um microprocessador da Motorola o 68000. Para nós e para o mundo aquele palestrante, ainda era um ilustre desconhecido, mas o tempo mostrou que nós estávamos conversando com uma das maiores inteligências pro ativas do mundo. Três maças influenciaram o destino do mundo. A primeira foi à maça que a Eva ofereceu para o Adão, ele comeu, e deu no que deu. A segunda foi à maça que caiu na cabeça de Isaac Newton, e a terceira e talvez a mais significativa seja a maça do Steve Jobs, o palestrante de 1984. Nos dois primeiros casos acho que não estava presente, mas no terceiro tive o privilegio de estar lá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário