Para quase tudo na vida existe alguma controvérsia, nem tudo que é escrito ou falado pode ser considerado como a única alternativa para uma determinada questão, mesmo porque, como dizia Nelson Rodrigues, “Toda unanimidade é burra”.
“ Existem pessoas espalhadas por todo o mundo, preocupadas com tudo! Preocupadas com ar, com a água, com o solo, com inseticidas, pesticidas, aditivos na comida, causas do câncer, com gás randon, com abortos, e em salvar espécies ameaçadas. Salvar espécies ameaçadas e só mais uma tentativa arrogante dos humanos de controlar a natureza. Mais de 90% de todas as espécies que já viveram neste planeta se foram! Estão extintas! E não foi o ser humano que matou todas elas! Elas simplesmente desapareceram! Isto é a natureza.
Todo mundo agora vai salvar alguma coisa. Salvem as arvores! Salvem as abelhas! Salvem as baleias! Salvem os caracóis! E a maior arrogância de todas! Salvem o planeta! Nós não sabemos nem cuidar de nos mesmos, não sabemos cuidar um dos outros, e queremos salvar o planeta.
Não tem nada de errado com o planeta! O planeta vai bem obrigado! As pessoas é que estão ferradas! Comparado com as pessoas o planeta está ótimo!O planeta existe a 4,5 bilhões de anos, a gente esta aqui a 100 mil, talvez 200 mil anos, e só ficamos engajados com indústria pesada há pouco mais de 200 anos. E nós temos a presunção de que de alguma forma a gente é uma ameaça! Que de alguma forma vamos ameaçar esta linda bola verde-azulada que só flutua ao redor do sol.
O planeta já passou por varias coisas piores que nós. Já passou por terremotos, vulcões, placas tectônicas, movimento de continentes, raios solares, manchas solares, tempestades magnéticas, inversão magnética dos pólos, centenas de milhares de anos bombardeada por cometas, asteróides e meteoros, dilúvio, maremotos, incêndios globais, erosão, raios cósmicos, erra glacial recorrentes, e nos pensando que algumas latas de alumínio e sacolas plásticas vão fazer a diferença? O planeta não vai para lugar nenhum! Nós vamos! Nós vamos embora!
O planeta estará aqui por muito, muito, muito tempo depois de a gente ter partido. Ele vai se curar, vai se limpar, porque é isso que ele vem fazendo por todos estes bilhões de anos. É um sistema que se auto-corrige. O ar, a água vai se recuperar. A terra será renovada, e se é verdade que o plástico não é degradável, o planeta vai simplesmente incorporar o plástico em um novo paradigma: A terra + plástico.
A terra não compartilha nosso preconceito sobre o plástico. O plástico saiu da terra. A terra provavelmente só vê o plástico como mais um de seus filhos. Pode ser a única razão pela qual a terra nos deixou sermos gerados a partir dela, ela queria plástico, não sabia como fazer, precisava de nós. Pode ser a resposta daquela eterna pergunta filosófica: “Porque estamos aqui”. Para produzir plástico....Idiotas! Então o plástico esta aqui, nosso trabalho acabou, podemos ser eliminados. Eu acho que isso já começou.
Se o planeta nos vê como uma ameaça, ela já está providenciando sua defesa, vai se defender como um grande organismo, como uma colméia, ou um formigueiro, o que você faria se fosse o planeta tentando se defender dessa “espécie incômoda e encrenqueira”. Talvez Vírus? Nós somos vulneráveis a vírus. E vírus são engenhosos, sempre mutando e formando novas seqüências sempre que uma vacina é desenvolvida. Um vírus que comprometa o sistema imunológico das pessoas, um vírus da imunodeficiência humana que nós tornemos vulneráveis a todas as outras infecções e doenças que aparecerem, e que possa ser transmitido sexualmente”.
Este texto faz parte de uma apresentação do polêmico comediante norte-americano, ícone da contra cultura, falecido em 22/06/08, George Dennis Patrik Carlin, serve para se refletir a respeito, de como estamos conduzindo as coisas relativas à natureza. O grande objetivo deve ser salvar as pessoas, tentar salvar o ser humano. Trazendo o problema para o nosso palco, as políticas de conservação não devem prejudicar as comunidades da nossa região. No conflito entre conservação e desenvolvimento social, os caiçaras, os povos indígenas, quilombolas, pescadores e ribeirinhos são expulsos de suas terras por políticas equivocadas de “conservação” do meio ambiente. O homem não pode ser considerado o inimigo publico numero um da natureza e impedir que estas comunidades permaneçam em seus territórios ocupados a centenas de anos, ou impedir o modo tradicional de exploração do mesmo. Só acabam com a extinção destas comunidades, que poderiam ser parceiras do estado para proteger centenas de milhares de hectares de áreas extremamente valorizadas e dificultar a exploração imobiliária e outras atividades degradantes. “Não concordo com o que dizes, mas defendo até a morte o direito de dizereres”. (Voltaire)
SILVIO BONFIGLIOLI
s.bonfiglioli@hotmail.com
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