Eu nasci na cidade de São Paulo no ano de 1949, e lá morei por longos 36 anos. Não era nada fácil, o deslocamento pela cidade era terrível, os ônibus sempre lotados, as enchentes desalojavam as pessoas de suas moradias e impediam o transito, os hospitais públicos estavam sempre lotados, a educação capengava, e as favelas proliferavam por todas as regiões.
O maior sonho de um paulistano era conseguir sair de São Paulo e ir morar em outra cidade menos estressante, mas existia um estranho amor que seduzia e apaixonava os seus filhos legítimos e adotados que migravam de outros estados à procura do maná. Nunca uma expressão como “ame-a ou deixe-a”, caiu tão bem para São Paulo, eu a amei e continuo amando, mas fui atrás do sonho e a deixei com dor no coração no ano de 1986.
Esporadicamente retorno aos braços da amada, a minha São Paulo da garoa, e a encontro com os mesmos problemas de antigamente, alguns até pioraram. Na ultima visita no final do mês, estava no Mercado municipal da Cantareira, quando as aguas de março se fizeram presentes, e aconteceu o que acontece há dezenas de anos, a região ficou em baixo d´agua, para o costumeiro desespero da população, inclusive o meu.
O Município de São Paulo, já teve 45 (quarenta e cinco) prefeitos de 1889 até hoje. Começou com Antônio da Silva Prado, passou por Faria Lima, Ademar de Barros, e os últimos, Jânio Quadros, Paulo Maluf, Celso Pitta, Marta Suplicy, José Serra e o atual Gilberto Kassab.
Com exceção do Celso Pitta que foi pego com a boca na botija, e Jânio Quadros que já estava no fim da carreira, todos os outros só enxergaram e enxergam o cargo de prefeito como um trampolim para voos mais altos. Nenhum deles se preocupou em resolver realmente os problemas urbanos da cidade. O foco e dado na formação de partidos, de elaboração de acordos políticos, com o loteamento dos cargos de confiança entre os partidos aliados, para dar sustentação ao seu plano de voo.
A pujança econômica, que é a sua maior virtude, ironicamente também é o seu principal defeito, o potencial de investimento da cidade de São Paulo é maior que a de alguns Estados da União, mas mesmo assim a cidade está em coma, por culpa única e exclusivamente dos políticos carreiristas, que usam o orçamento de forma errada e eleitoreira, e principalmente sem nenhum planejamento.
Os eleitores de São Paulo, e os visitantes como eu, que por diversos motivos são seduzidos ou obrigados a frequentar a cidade, gostariam que o próximo prefeito estivesse realmente preocupado em resolver os problemas da cidade, transito, inundação, segurança, saúde, educação, que fosse somente prefeito, nada mais do que um prefeito, que elaborasse um plano de governo e não um plano de carreira.
